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Resenha: "Selva Brasil" de Roberto de Sousa Causo

12/1/2017

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Por Paulo Vinicius F. dos Santos.
Em um Brasil que não é o nosso (mas, bem poderia ser), Roberto se vê às voltas com a aparição de um grupo de seals americanos que escondem algum projeto secreto em uma ilha na Amazônia. Somado a isso, homens estranhos dizem ter vindo de um outro Brasil muito diferente do de Roberto.
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Nome: Selva Brasil
Autor: Roberto de Sousa Causo
Editora: Draco
Gênero: Ficção Científica/História Paralela
Ano de Publicação: 2010
Avaliação:

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Roberto é um soldado do exército brasileiro participando de uma campanha de tomada das Guianas. Esta é uma guerra considerada desastrosa desde que Jânio Quadros decidiu realizá-la. Desde então acontece esta guerra há anos envolvendo até mesmo os EUA que decidiu se focar em resolver os problemas da América e deixou de lado a Guerra do Vietnã. Mas, durante uma batalha, uma estranha aeronave cai na Amazônia revelando pessoas estranhas. Estes dizem ter vindo de outro lugar muito semelhante e diferente do nosso. Quem eles são e o que escondem? E de onde saíram os seals americanos já que nenhum deles apareceu nos radares brasileiros?

Histórias alternativas são interessantes para mim. Imaginar como seriam determinadas situações se certas escolhas não tivessem sido feitas ou determinados acontecimentos tivessem tomado outro rumo. Aqui Roberto de Sousa Causo escolhe poucas peças e consegue criar um cenário bem interessante. Só que eu acho que ele deixou para explorar mais o seu cenário muito no final da história. Entendi que essa foi uma escolha narrativa, mas um dos pontos mais interessantes de livros de história alternativa é apresentar o cenário. Mas, esta é uma reclamação que não compromete tanto assim a história.

A escrita do autor é fantástica. Quando eu percebi o que ele estava fazendo, meus olhos brilharam. É uma narrativa em primeira pessoa sim, mas mais do que isso é um relato. O protagonista está contando este acontecimento insólito a outra pessoa (não contarei quem é). Porém, não se trata de um relato necessariamente escrito, mas da transcrição do relato do protagonista. Aquele que transcreveu decidiu manter todas as gírias e expressões usadas pelo personagem, o que deixou a própria fala do personagem bem única. Gostei muito desse truque narrativo. No começo eu achei que fosse algum erro de revisão, mas aos poucos eu fui me dando conta de que é a própria maneira do personagem falar. Quando finalizou a história eu já estava mais familiarizado com as expressões usadas pelo personagem. Aliás, este é um ponto que ajuda até mesmo a entender as engrenagens que o movem.

Achei apenas que o autor vacilou um pouco ao não aprofundar as características dos demais personagens. Entendo que isso é um relato, e em um relato nós acabamos não perdendo muito tempo descrevendo aqueles que estão ao nosso redor. Mas, eu me ressenti um pouco disso. Talvez interlúdios em que a narrativa passasse para a terceira pessoa tivessem ajudado um pouco mais a amenizar isso. Para mim, foi um problema. Talvez para outros leitores não seja tanto. Horas depois de ter lido a história, já não sou capaz de lembrar nomes ou características dos demais personagens. Isso é ruim.

A narrativa tem bastante descrição. Isso pode incomodar alguns leitores que não gostam tanto de certos excessos dessa ferramenta, mas aqui ela é essencial. Sem ela, o autor jamais teria conseguido levar adiante a sua história. E eu nem achei a história tão descritiva assim. Tudo é muito direto e objetivo e somos levados do ponto A ao ponto B sem grandes desvios. Em alguns momentos o autor usa um pouco de suspense para nos enganar e tornar a história menos previsível. Ele emprega alguns jargões típicos das Forças Armadas, fruto de sua experiência como adolescente no exército. Alguns leitores não curtiram esse emprego das gírias e jargões alegando que isso poderia comprometer a leitura ou torná-la mais truncada. Não achei isso; eu sei que isso ajudou na composição do relato do protagonista. Se ele tivesse retirado as gírias, a escrita teria perdido a personalidade.

A reflexão que o protagonista faz ao final do livro vale discutir. Isso porque ele coloca em questão se somos frutos de nossas escolhas ou das situações que nos foram impostas? Nessa história o protagonista tem características bem distintas da pessoa a quem ele faz o relato. Será que em outro ambiente ele faria tudo igual? O próprio conceito de história alternativa coloca isso em xeque. Não só isso, mas a sua existência anula a existência de um duplo? Sua vida é mais ou menos real do que a de seu duplo? Pensando bem nessa concepção, eu parto de uma perspectiva a la Albert Einstein: tudo é relativo. Extrapolando um pouco essa noção, a realidade é real apenas para quem a vê. Cada um de nós possui a sua própria realidade já que a construímos tendo como noção de que somos o centro de nossa realidade. Logo, o real depende de quem a constrói. Para Roberto, sua realidade é autêntica já que ele é o centro de sua realidade. Um duplo é estranho demais para ele entender alguma racionalidade nesta existência. É uma questão muito interessante e que dá um nó em nossas cabeças.

Enfim, eu curti algumas ideias apresentadas pelo autor, mas achei que Selva Brasil não me atraiu tanto assim. Mas, no geral o livro é bom e apresenta elementos curiosos como a própria escrita do autor e a ambientação criada na qual ele centra sua trama. Sem abusar muito ele cria um protagonista intrigante e bem humano que nos leva do começa ao fim durante uma incursão na Amazônia. Achei que ele pecou ao não aprofundar os demais personagens, mas entendo os motivos para tal. Eu recomendo muito, entretanto, conhecer o autor que já tem muito tempo de estrada.

 

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