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Resenha: "Limites da Fundação" (Fundação vol. 4) de Isaac Asimov

31/8/2017

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Por Paulo Vinicius F. dos Santos.
Muitos anos depois do final de Segunda Fundação, vamos iniciar uma busca pelas origens da humanidade. Golan Trevize e Janov Pelorat serão enviados em uma jornada pelos quatro cantos da galáxia em busca de respostas para perguntas essenciais. (Contém leves spoilers, pois se trata de um quarto volume de uma série).
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Ficha Técnica:

Nome: Limites da Fundação
Autor: Isaac Asimov
Série: Fundação vol. 4
Editora: Aleph (no Brasil)
Gênero: Ficção Científica
Tradutor: Henrique B. Szolnoky
Número de Páginas: 408
Ano de Lançamento: 2011 (no Brasil)

Sinopse: Após quinhentos anos, o plano de Hari Seldon parece seguir seu objetivo sem maiores problemas. De fato, a Fundação agora é a capital de uma federação que domina metade dos mundos conhecidos. Existe, no entanto, quem duvide da calmaria e do bom encaminhamento do Plano, a ponto de acreditar que a Segunda Fundação está viva e que, secretamente, ainda controla o destino de todos.
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Limites da Fundação é o primeiro livro da segunda série de livros sobre a Fundação. Esta segunda série é formada por quatro livros publicados em um momento posterior da vida de Asimov. Porém, eu entendo esta segunda série dividida em duas duologias. Limites da Fundação e Fundação e Terra são o fechamento da série com a busca pela Terra enquanto Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação são dois prequels, ou seja, livros que se passam antes do primeiro livro da Fundação.
 
Tendo passado por esta explicação inicial, hora de analisarmos o estilo de escrita empregado por Asimov. Esta é uma narrativa que segue o padrão tradicional apresentando um protagonisya vivendo uma série de acontecimentos até alcançar um objetivo final. É uma mudança bem grande em relação à narrativa centenária da primeira trilogia onde mudávamos diversas vezes de ponto de vista ao longo da história. Golan Trevize e Janov Pelorat são claramente os protagonistas da história que se estenderá ao longo de dois livros.
 
Golan Trevize é um membro do conselho de Terminus que pretende ser prefeito em breve. Ele é um cético; acredita no Plano Seldon, mas não da forma como ele é hoje. Após os acontecimentos do final da primeira trilogia, a Segunda Fundação se escondeu e continuou a sua série de ajustes no Plano Seldon. Trevize acredita que alguém alterou o Plano Seldon e acredita firmemente que a Segunda Fundação ainda existe. A prefeita entende as suspeitas de Trevize e pretende usá-lo para atrair a atenção dos membros da Segunda Fundação. Ela o envia junto do historiador Janov Pelorat em uma missão de encontrar o primeiro planeta que teria originado as explorações galácticas. Claro que esta missão seria apenas um engodo, mas logo o que era para ser uma justificativa para sair dos olhos do inimigo, se torna uma jornada em busca de si mesmo.
 
Consigo associar Limites da Fundação à Odisséia de Homero em que um homem e sua tripulação precisam passar por inúmeros obstáculos para poder voltar para casa. Em um determinado momento eles passarão a ser perseguidos por forças superiores que querem destruir a expedição (a Segunda Fundação). E a tripulação da embarcação de Ulisses em Odisseia (a nave espacial Estrela Distante no livro Limites da Fundação) será atraída para uma terra estranha onde serão encontrados por Circe (que podemos associar à coletividade presente em Fundação e Terra) e quase permanecerão transformados em animais da ilha (em Limites da Fundação, absorvidos pelo encanto da coletividade do planeta). Entendo que parece uma associação forçada, mas Asimov construiu a primeira trilogia com base no livro clássico de Edward Gibbon. Não seria estranho se ele pegasse um pouco de mitos Greco-romanos para construir sua história. Nestes dois volumes da Fundação (Limites da Fundação e Fundação e Terra), percebi muitos elementos retirados da pesquisa histórica sobre mitos realizada pelo autor Thomas Bulfinch em seu livro O Livro de Ouro da Mitologia. O tema da volta para casa também está muito presente nos dois livros.
 
A busca pelas origens sempre foi uma obsessão humana. Como surgimos? Quando surgimos? Quem foi o primeiro homem? Este é um conhecimento vital para o homem. Mesmo em um ambiente futurista como o da Fundação, existem aqueles que buscam este conhecimento. Quando foi revelado que os membros da Segunda Fundação estavam limitando o acesso dos homens a este conhecimento, consigo associar à postura da Igreja Católica durante a Idade Média. Mas, em algum momento este conhecimento vai conseguir se libertar. Não é possível prender a curiosidade do homem durante muito tempo. Janov Pelorat encarna este tipo de intrépido pesquisador. Aquele homem que vai se debruçar em todos os tipos de documentos e vestígios perdidos para buscar a verdade.
 
Mais uma vez, Asimov nos presenteia com uma aula sobre o método científico. Como encontrar dados verídicos em um conjunto de mitos e lendas? Reunindo informações de diferentes origens e buscando elementos comuns entre vários destes mitos e lendas. A lógica apresentada por Pelorat ao comentar acerca de detalhes sobre o mundo original demonstra que Asimov sabia bastante sobre pesquisa histórica. Existem detalhes ali que fazem parte das técnicas de análise de fontes históricas: descobrir qual a edição e o tradutor da fonte, quando foi publicada e até se é ou não uma fonte comentada.
 
O antagonista, Gendibal, encarna um elemento de vanguarda entre seus pares da Segunda Fundação. Enquanto seus pares pensam em manutenção, Gendibal acredita em mudanças. Não é mais possível manter o Plano Seldon porque o Mulo já o alterou sem retorno. Ele acredita que a Segunda Fundação deveria assumir de vez o controle sobre Terminus. Asimov faz aqui uma discussão entre pensamento conservador e pensamento de vanguarda. É melhor manter o status quo ou investir em inovações? Os personagens defendem ambos os lados, mas eu pude perceber pela prosa de Asimov que ele, por ser um cientista, acredita na inovação.
 
Outro tema comentado por Asimov em Limites da Fundação é o etnocentrismo. Muitos sistemas estelares tinham vestígios sobre os exploradores originais. Mas, os habitantes de Comporellon se diziam os herdeiros legítimos e sua cultura seria superior a todas as outras da galáxia. Os comporellanos mantinham até um afastamento em relação às políticas de Terminus. Asimov aponta como o etnocentrismo é um conceito desprovido de lógica. Através de uma argumentação científica ele faz os protagonistas apontarem falhas no pensamento comporellano. O autor fez isto sem ser panfletário.
 
Limites da Fundação é uma obra cuja narrativa é fluida. A gente sente as páginas passarem com facilidade. E Asimov escreve uma ficção científica acessível, sem usar termos pomposos. Como a obra adota uma narrativa tradicional conseguimos desenvolver laços com os personagens. Recomendo a leitura do livro a todos os amantes de um bom livro.

 

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