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Resenha: "A Maldição do Anjo" de Alan Barcelos

8/8/2017

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Por Paulo Vinicius F. dos Santos.
Luci está em uma missão para encontrar a Lança de Longinus e tentar deter o fim dos tempos. Mas, para isso, ela vai precisar da ajuda de um anjo para completar a missão. Nos becos secretos de Recife, o bar Roque Santeiro esconde mais do que simplesmente bebidas.
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Ficha Técnica:

Nome: A Maldição do Anjo
Autor: Alan Barcelos
Editora: Auto-Publicada
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 146
Ano de Lançamento: 2016

Sinopse: As estrelas estão desaparecendo do céu. A lua não pode mais ser vista. Guerras, miséria e acontecimentos inexplicáveis assolam cidades e nações. Os sete selos quebrados, um a um, indicam que o fim está próximo. Luci cresceu escondida deste mundo de caos. Quando o pai adotivo morre, ela descobre que ele é na verdade descendente de uma antiga linhagem encarregada de proteger um terrível segredo da humanidade, que pode levar o mundo à salvação ou à destruição. Agora que herdou a missão do pai, ela abandona sua terra natal para impedir que o pior aconteça. Com a ajuda de um Anjo que abandonou o Paraíso e vive entre os humanos, Luci parte em uma jornada para recuperar uma relíquia sobrenatural milenar há muito perdida, a Lança de Longinus.
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Fantasias urbanas funcionam bem quando o limite entre o real e o ficcional não são tão claros. E isso inclui histórias de anjos e demônios. O que temos em A Maldição do Anjo é uma história sobre o fim dos tempos em que dois lados de uma contenda se enfrentam, mas o lado que você acha que é o justo é o contrário.

A Maldição do Anjo é escrito de uma forma bem direta ao ponto. A narrativa acontece em terceira pessoa onisciente, mas ficamos mais próximos de Luci do que dos demais personagens. Em alguns momentos temos outros personagens como ponto de vista como Miguel e Azazel. O leitor consegue perceber uma escrita bem madura do autor e para quem curte histórias sem grandes firulas literárias, esta é uma boa pedida. Outro aspecto que eu consegui compreender através da leitura é que a estruturação da história segue o padrão de um roteiro de cinema ao invés da famigerada jornada do herói. Isso fornece um outro ritmo à narrativa (segunda vez esse ano que eu leio algo nesse estilo, o que é um alívio).

Porém, duas coisas me incomodaram no aspecto da escrita per se: o diálogo e o excesso de capítulos. No primeiro caso, isso só acontece em alguns trechos da narrativa. Alguns diálogos poderiam ser diferentes ou nem estarem ali. Diálogos precisam ter uma de três funções específicas:

a) fornecer informações importantes sobre o enredo;
b) estruturar relações entre personagens
c) aprofundar características psicológicas dos personagens.

Quando o diálogo serve para passar uma frase de efeito ou uma conversa que não acrescenta à narrativa, se torna uma barriga no livro. E esse espaço poderia ser empregado para outras coisas como desenvolver os personagens que, para mim, é o ponto mais fraco do romance.

Sobre os capítulos em si, eu entendi o que o autor quis fazer: deixar a narrativa dinâmica para que esta fluísse bem para o leitor. E funciona. Porém, o excesso de capítulos minúsculos com 3, 4 ou 5 páginas acaba não surtindo exatamente o efeito inicial. Tem um capítulo com metade de uma página. O efeito que o autor quis fazer poderia ter sido obtido com subseções dentro de um capítulo. Não teria feito diferença alguma para a história. O que faz de A Maldição do Anjo uma leitura veloz não é a disposição dos capítulos, mas a excelente escrita do autor. Para mim, Alan Barcelos consegue encadear muito bem as frases, o que torna a ideia dos capítulos curtos desnecessário no cômputo geral.

Mesmo em uma história mais direta, desenvolver personagens é fundamental. Os personagens secundários também são importantes para a história. E eu me ressenti demais de não ver personagens como Letícia, Rochel ou até mesmo Azazel melhor trabalhados. A narrativa criada pelo autor é tão interessante que daria excelentes plots para todos eles. O que eu gostei demais na narrativa, eu não vi presente aqui. Letícia aparece na vida de Luci e elas rapidamente se tornam muito amigas. Mas, a transição entre o conhecer e o gostar é súbita demais. Não consegui comprar a relação das duas. Da mesma forma, Rochel é um personagem que acaba seguindo a personagem, mas eu não sei quais as suas motivações. Existe a discordância dele em relação a determinadas situações, mas por que raios ele vai seguir uma garota que aparece do nada em seu bar? Mesmo que ela tenha poderes especiais e ele resolva ajudá-la, o que ele ganha com isso? Achei que aqui seria bacana explorar alguns capítulos contando o desgosto do personagem com o que aconteceu entre seus pares. Ou com Letícia que só vamos saber o que ela faz lá no final da história. O autor poderia preparar o leitor para o encontro entre Luci e Letícia mostrando a última em um ateliê, ou se envolvendo com manifestações populares. Teria dado uma riqueza maior à personagem.

Quanto à Luci, eu percebi momentos muito distintos da personagem o que serviu para medir a minha relação com ela: a Luci da primeira metade e a Luci da segunda metade da história. A primeira eu gostei demais, a segunda nem tanto. Eu entendi ao longo das páginas aonde o autor queria levar a personagem. O problema foi a mudança súbita para o confronto final. Me pareceu rápido demais... ali teria sido melhor pisar no freio e construir uns flashbacks para explorar as motivações da personagem. Isso poderia ter sido feito até com um diálogo com O Homem Maltrapilho. Por essa razão, em uma análise final eu acabei não curtindo tanto a personagem mais pelo que foi feito dela do que por ela em si.

Antes de falar, eu queria comentar um pouco sobre uma crítica negativa que eu li a respeito de A Maldição do Anjo. Gente, histórias com anjos existem há muito tempo. Dizer que o livro é cópia ou é pior que o livro de fulano é bobagem. Os temas existem para serem explorados e todos já foram explorados amplamente. Quando falamos em histórias sobre anjos na literatura de fantasia nacional contemporânea, é lógico que o livro do Spohr vai aparecer logo de cara. Mas, cada romance vai explorar o tema de sua maneira particular. Pelo pouco que eu conheço acerca do livro do Spohr, o Alan Barcelos explora o mito angélico de uma maneira completamente diferente. Nem passou pela minha cabeça tecer comparações a respeito disso. Logo, fica aquela dica: antes de falar ou comparar, leia o livro.

Sobre a narrativa em si, aqui sim o autor me surpreendeu muito. Gostei da rasteira que ele passa no leitor. Quem ficou tentando prever o que aconteceria a seguir, se frustrou. Isso porque o autor te mostra a mão logo no começo. Você sabe quem é Luci. Mas, o autor usou esse conhecimento como um truque de prestidigitador. Ele te mostrou uma bola na mão direita enquanto fazia a mágica na mão esquerda. Gostei da inversão que ele faz no mito, o que me agradou. Por isso eu acabei ainda mais frustrado com a fraca construção de personagens. Porque a história é muito boa. Alguns vão alegar que era uma história óbvia ou que o resultado final era esperado. Em algumas resenhas eu sempre chamo a atenção de que o que importa em uma história é a trajetória e não o objetivo final. Nesse sentido, a história consegue cumprir com sucesso aquilo que se propõe a fazer.

Gostei também da maneira como o autor fez com que o sobrenatural ficasse muito próximo do real. O emprego de Recife na história dá bases reais ao que ele tenta criar. Acho até que o autor poderia ter permanecido apenas em Recife, sem aquele outro local na metade da história. Até mesmo algumas situações que acontecem no começo da história são usados como fagulha para levar a história adiante. Falo da manifestação popular e como Luci reage ao perceber por que as pessoas estavam tão agitadas. Novamente, este é um ponto que teria dado situações muito interessantes a serem exploradas.

A Maldição do Anjo é uma história que muda alguns aspectos do tema dos anjos. Isso torna tudo muito atrativo que faz com que o leitor não saiba exatamente o que esperar da história. O único senão é a construção de personagens que ficou muito aquém da qualidade da narrativa apresentada. A leitura é muito rápida e direta, não causando qualquer dificuldade ao leitor. Os diálogos são inconstantes em alguns pontos, mas nada que atrapalhe a fruição da história. Recomendo a leitura e quero poder conhecer outros trabalhos do autor.

 

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