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Entrevista: Luiza Salazar

25/6/2016

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Paulo Vinicius F. dos Santos
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Paulo Vinicius: Olá, Luiza, seja bem-vinda ao Ficções Humanas. Conte um pouquinho sobre quem é a Luiza Salazar e como foi sua trajetória para aqueles que não conhecem o seu trabalho.

Luiza Salazar: Bom, como quase todo escritor eu sempre gostei de escrever. Meu primeiro livro completo eu terminei aos 16, mas nem submeti para publicação (não era muito bom.) Eu me formei em Jornalismo e logo antes de mudar para o Canadá, onde eu moro agora, lancei meu primeiro livro, "Os Sete Selos". Desde então escrevi mais três: Bios, Um Toque de Morte e um Beijo de Morte. Eu moro em Vancouver onde trabalho como animadora para um show da Disney, ilustro como freelancer e escrevo livros quando dá tempo!

P.V.: Uma pergunta que sempre faço aos meus entrevistados é como vocês enxergam o mercado de literatura nacional? Quais as dificuldades de publicar um trabalho de fantasia ou de ficção científica no Brasil por um autor brasileiro?

Luiza Salazar: Nos cinco anos em que eu estive presente no mercado nacional, ele já mudou muito, para melhor. Ainda é muito difícil convencer o mercado de que livros de fantasia ou ficção ou terror brasileiros valem a pena como investimento. Eu já perdi a conta de quantas vezes li uma resenha de um livro meu dizendo "o livro é muito bom, mesmo sendo brasileiro" e isso é uma coisa muito complicada. O Brasil precisa desesperadamente consumir mais livros e um ótimo jeito de fazer jovens gostarem de literatura é dando opções de livros que eles querem ler e não só os clássicos obrigatórios da escola. Quando eu estava procurando editoras para o meu primeiro livro, fiquei CHOCADA com a quantidade de editoras que publicam grandes livros de fantasia internacionais e os títulos brasileiros que elas tinham eram só poemas e biografias. De onde sai essa diferença?

P.V.: Antes de Um Toque de Morte e O Beijo da Morte, você publicou Bios e Os Sete Selos pela editora Underworld. Fale um pouco desses trabalhos.

Luiza Salazar: Os Sete Selos sempre vai ser um livro especial pra mim, porque foi o primeiro que publiquei. Eu gosto muito da temática religiosa e fiz uma pesquisa extensa pra escrever aquele livro. Bios veio de um lugar diferente, onde eu não era mais uma autora "estreante" e precisava descobrir se conseguiria fazer outro livro que seria bem recebido com uma temática completamente diferente. Ambos foram experiências muito boas e eu tenho orgulho do trabalho feito. Espero republicá-los logo e quem sabe escrever a sequencia de Sete Selos que todo mundo esta sempre pedindo! (risos)

P.V.: Nos seus trabalhos somos apresentados a protagonistas femininas muito fortes. Porém eu pude perceber em Katherine, de Um Toque de Morte, características mais normais do que em Lara Carver. Se Lara Carver é uma espécie de agente treinada, Katherine é apenas uma adolescente normal (com um dom especial), mas que tem uma série de dúvidas e inseguranças. Para você, Luiza Salazar, o que você buscou destacar nas características dessas duas personagens?

Luiza Salazar: Por razões óbvias, eu tenho uma afinidade grande por personagens femininas. Não só porque nossa cultura pop em geral precisa de mais protagonistas mulheres, mas porque eu acho que mulheres são retratadas de formas muito mais variadas do que homens. Elas podem ser frágeis e fortes ao mesmo tempo e essa é uma linha interessante de se caminhar. Lara para mim é uma mulher que acha que sabe exatamente quem é e do que o seu mundo é feito e isso a torna arrogante e desiludida, então eu quis jogá-la em uma situação que a faz questionar tudo que sabia sobre si mesma. Kat é jovem, abandonada e perdida, e como tantos adolescentes, sua resposta para as dificuldades da vida é virar suas costas para o mundo. Ela aceita seu papel como vila da própria história ate descobrir que pode fazer suas próprias escolhas e o que fazemos é mais importante do que quem somos. De certa forma elas são semelhantes neste aspecto: resolvidas e confiantes por fora, mas amedrontadas por dentro. Acho que todos somos assim.
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P.V.: Seus quatro trabalhos de uma forma ou de outra lidam com o sobrenatural ou com aquele submundo presente nas cidades. O que te levou para a fantasia urbana?

Luiza Salazar: Eu sempre gostei da ideia de que existe um mundo invisível, só acessível para algumas poucas pessoas. Lidando com o mundano diariamente faz com que nos esqueçamos que coisas incríveis estão presentes em todos os cantos. A ideia de uma liga de assassinos sobrenaturais em um bar ou de um círculo de demônios em um bairro residencial, coisas assim transformam o dia a dia em algo extraordinário. Todos nós gostaríamos de tropeçar em um mundo desses um dia a caminho do trabalho ou da escola. Não seria legal?

P.V.: Bios é uma obra bem diferente. Trata-se de uma ficção científica bem assustadora que mostra um mundo onde ser humano é crime. De onde veio a ideia para Bios?

Luiza Salazar: Bios na verdade veio de um dia quando eu estava no meu carro ouvindo uma noticia no rádio sobre como cientistas na Europa tinham acabado de criar vida artificial pela primeira vez. Era um organismo SUPER simples, um começo de alguma coisa, mas eu fiquei pensando durante muito tempo sobre o que aconteceria se nos pudéssemos criar humanos artificiais, humanos que não tivessem nenhuma das nossas falhas naturais. Eles ainda seriam a mesma espécie? Seriam algo completamente diferente? Como o mundo ia receber essas pessoas? Com hostilidade ou curiosidade? Eu gosto de historias que exploram a natureza do que significa ser humano, se é nossa biologia ou nossas atitudes e eu acho que Bios fala muito disso.

P.V.: Apesar de O Beijo da Morte ser o fechamento das aventuras de Katherine, você ainda pretende voltar a esse universo, talvez explorando um prequel ou ou ponto de vista de outro personagem?

Luiza Salazar: Não sei. Escrever sequências ou "prequels" é muito legal, mas ao mesmo tempo eu gosto de criar universos novos. Eu tenho um rascunho por exemplo, da sequência de Sete Selos mencionada acima e ate agora não aconteceu do momento certo para escrever essa historia chegar. Eu gosto muito do universo da Ordem e da Legião e quem sabe eu volte para ele no futuro, mas no momento não tenho planos.

P.V.: Quais são as suas inspirações literárias? E o que você indicaria de autores nacionais para aqueles que não conhecem praticamente ninguém (vamos esquecer um pouco de André Vianco, Eduardo Spohr, Carolina Munhóz e Raphael Draccon)?

Luiza Salazar: Meu autor preferido disparado é Neil Gaiman. Eu já li tudo que ele escreveu e gosto muito do estilo dele. Tolkien, C.S. Lewis, Philip Pullman, Dervla Murphy e Holly Black são alguns outros que eu gosto muito. Eu gosto de livros que subvertem expectativas, que surpreendem o leitor, não através do famoso "plot twist", mas através da forma com que a historia é tratada, de universos detalhados onde as coisas que conhecemos todos os dias são transformadas em algo diferente. Eu gostaria de ter mais acesso a títulos brasileiros, mas morando fora fica complicado. Eu gosto muito do trabalho do Nanuka e das Gêmeas (Mo e Nick), que foram meus companheiros de editora e tem obras muito legais de autores nacionais saindo da Editora Draco também, eles valorizam muito, especificamente, o trabalho nacional e são super cuidadosos com suas edições, então tem muuuuita coisa legal para ler de lá.
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P.V.: O que poderemos esperar a seguir de Luiza Salazar? Quais são os seus próximos projetos?

Luiza Salazar: No momento estou escrevendo um livro a passo de tartaruga porque tem muita coisa acontecendo na minha vida, mas espero terminar a primeira versão até o fim do ano e quem sabe publicar ano que vem. Não vou revelar a sinopse e o título por enquanto, fica para outra ocasião! (risos). Estou trabalhando em tentar republicar Os Sete Selos e Bios também, para que eles possam voltar ao mercado e outras pessoas tenham a chance de ler a história. Estou escrevendo e ilustrando projetos de livros infantis e isso é uma coisa que eu gostaria muito de começar a fazer, meu tempo permitindo!

P.V.: Queria agradecer muito a sua participação no Ficções Humanas. Fico muito feliz de ter descoberto um livro incrível como Um Toque de Morte e mais ainda de ter podido conversar um pouco com você. Quer deixar alguma mensagem ou recado para os leitores?

Luiza Salazar: A minha mensagem para leitores é sempre a mesma: muito obrigada por serem leitores. O mercado literário não existe sem as pessoas que consomem livros. Todo autor é um leitor voraz e é muito especial pensar que palavras que eu escrevi estão sendo lidas por pessoas com uma paixão por livros como a minha. Obrigada por valorizarem o trabalho de cada um, quanto mais livros vocês lerem, mais historias loucas e divertidas nos podemos inventar e dividir com o mundo! 
Obrigada pela oportunidade da entrevista e por tirar um tempinho do seu dia para aprender um pouco mais sobre essa autora doida!

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