Nas palavras de Margaret Atwood: “Existe um novo termo, cli-fi, (significando ficção climática, um trocadilho com sci-fi), que está sendo usado para descrever livros em que um clima alterado é parte do enredo. Romances distópicos são usados para se focar mais em regimes políticos terríveis, como em 1984, de George Orwell. Agora, entretanto, eles podem muito provavelmente tomar lugar em um ambiente desafiador que não mais lembra o planeta hospitaleiro que acreditamos ser comum”. (The Huffington Post)
Dois outros pontos que se cruzam é a responsabilidade e o interesse humano. Kim Stanley Robinson é um mestre nessa arte. Por exemplo, na série Mars vemos o desenvolvimento de uma colônia terrestre em Marte. Ao longo da trilogia somos apresentados às várias dificuldades que o planeta joga para os personagens. Mesmo depois de assentados os próprios seres humanos interferem tanto com o ambiente do planeta que eles precisam se preparar para sofrer as consequências de tais alterações. Somos colocados também diante do tema de construir meios de ligação entre Marte e a Terra. Ao longo da trama uma corporação de exploração de recursos minerais deseja construir uma enorme escada celeste ligando os dois planetas. Esse é o interesse humano de espoliar selvagemente os recursos naturais do planeta. A responsabilidade ética fica em como essas ações irão mexer com o equilíbrio planetário.
O estilo de escrita pode variar entre um classicismo, uma história mais vanguardista, um romance, um mistério e até um realismo mágico. Depende de como o autor direciona a sua narrativa. Algumas das melhores histórias são de ficção científica mais pesada onde o autor pode imaginar todo o tipo de situações exóticas e criativas. Porém, temos o outro lado do espectro com a série Helliconia. Aldiss conseguiu criar uma trama que não fica muito distante de um romance de fantasia clássico. Tanto é que George R.R. Martin alega ter se inspirado em Helliconia Spring e Helliconia Winter para criar a ideia de as estações influenciarem o mundo de Westeros.
Mas, sem dúvida alguma, o autor que mais trabalhou com esse gênero de histórias é Kim Stanley Robinson. Ele trabalhou tanto com histórias sobre mudanças climáticas como também com a relação do homem com ambientes inóspitos. Ainda no tema de mudanças climáticas é possível citar o livro Green Earth (o compilado de uma série que começa com o livro Forty Signs of Rain) em que ele imagina toda a politicagem necessária para realizar uma mudança real na maneira como nos relacionamos com o meio ambiente. Recentemente ele escreveu New York 2140, um clifi que se passa em uma Nova York após o aumento dos oceanos em que as pessoas vivem em prédios abandonados cercados pelo mar por todos os lados. Vemos o surgimento de toda uma série de relações sociais dentro desse prédio.
Em uma vertente diferente, Robinson explorou também outros planetas e ecossistemas. Em Aurora, ele explora uma nave espacial enviada para colonizar um planeta no sistema de Tau Ceti. Dentro dessa nave, existem todos os ecossistemas da Terra reproduzidos com sua fauna e flora. E existe toda uma preocupação por parte da tripulação em preservar estes ambientes da melhor maneira possível. Já na série Three Californias, Robinson brinca com a evolução da humanidade em um lugar e como eles usam o ambiente para construir a sua sociedade.
Cinco boas dicas de climate fiction: