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A Revista Trasgo

3/12/2017

6 Comentários

 
Por Paulo Vinicius F. dos Santos.
No Debates de hoje, eu queria conversar com vocês sobre a revista Trasgo. Vocês conhecem? Se não conhecem, apertem os cintos e conheçam uma das melhores iniciativas de apoio à literatura fantástica nacional.
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Alguns de vocês devem estar estranhando uma postagem na coluna Debates, hoje, em um domingo (nossa coluna de Debates sendo sempre aos sábados). Eu decidi fazer uma edição especial de forma a abordar uma das revistas mais importantes de fantasia e de ficção científica no mercado. Uma revista que não deve em nada a grandes publicações como a Asimov e a Clarkesworld, mas que apesar de hoje ter uma boa base de público, ainda é relativamente desconhecida do grande público. A ideia dessa coluna surgiu a partir de uma conversa com o amigo e autor Allan Francis Salgado quando eu mencionava a ele que ele poderia enviar contos e novellas para submissão na revista. Seria uma forma de ele treinar a escrita e conhecer as exigências que um bom editor tem. E ele não conhecia a Trasgo. Pensei comigo: "poxa... como assim?". E fiz uma pesquisa rápida com outras pessoas não envolvidas no círculo da revista e descobri que isso de fato é verídico. Quero falar hoje sobre esta revista para que autores e leitores possam conhecer este que é um dos melhores trabalhos de divulgação de novos autores de fantasia e de ficção científica disponíveis no Brasil.

A tradição das revistas de divulgação remonta há décadas nos EUA. É preciso lembrar que o próprio gênero de fantasia e de ficção científica surgiu a partir de publicações como a Weird Tales, a Astonishing e a Amazing Stories. Por essas revistas homens como Ray Bradbury, Frederik Pohl, Isaac Asimov, Robert E. Heinlein, Arthur C. Clarke, Edmond Hamilton iniciaram suas carreiras como escritores. Aqui no Brasil tivemos algumas publicações principalmente a partir da década de 1970. Passaram por elas ícones do gênero de ficção científica nacional como André Carneiro e Jorge Luis Calife que, infelizmente tiveram seus nomes esquecidos também do grande público (fica a dica de alguns bons romances de Calife publicados pela Devir na década de 1990). Com o advento da internet e a popularização da rede no Brasil outras revistas surgiram, mas nunca conseguiram manter sua publicação por muito tempo. Nos dias de hoje conheço poucas delas além da Trasgo; me vêm à cabeça apenas a Somnium.

A ideia da Trasgo veio da mente de Rodrigo van Kampen, que é o seu editor até os dias de hoje. Tendo seu primeiro volume publicado em 2013 a ideia do editor veio de sua paixão pelas revistas de divulgação americanas. Em diversas entrevistas, Kampen comentou sobre o quanto ele gostava do gênero do conto e da novella, dois estilos rápidos de história e que, mesmo não tendo o glamour do grande romance, consegue exigir do autor toda uma desenvoltura na habilidade de criar uma história contida em poucas palavras. Ele percebeu que no Brasil essa iniciativa era quase inexistente. Foi daí que ele colocou suas ideias em prática testando o estilo de publicação na lendária edição de número 1. Recentemente fiz a resenha coletiva de todos os contos desta edição, que eu deixo linkado aqui:

Revista Trasgo volume 1

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Capas das 14 primeiras edições da Trasgo
Contando sempre com uma novella e cinco contos a revista foi crescendo aos poucos. Sempre contando com um autor convidado, a revista desfilou excelentes autores que se tornaram muito conhecidos dos fãs de fantasia: Gerson Lodi-Ribeiro, Karen Álvares, Jim Anotsu, Janayna P. Bianchi, Rodrigo Rahmati, Anna Fagundes Martino. E a partir da segunda edição a revista não apenas contava com um conto do autor, mas todos os autores publicados davam uma entrevista colocada ao final da edição. Então podíamos conhecer um pouco do processo criativo do autor na composição daquele conto além de suas ideias sobre o gênero. Kampen também passou também a dar crédito aos capistas, e, convenhamos: a Trasgo possui algumas capas incríveis. Ao final da edição o capista podia colocar algumas imagens como se fossem um portfolio, além de concederem uma entrevista sobre suas ideias e maneiras de composição de capa.

A revista já passou por diversos formatos. Vamos entender que para publicar uma revista desse porte existe todo um trabalho por trás da mesma. Até o volume 4 todas as edições eram gratuitas. Bastava entrar no site e fazer o download. Da edição 5 até a 8 foi testada a venda no formato ebook através do site da Amazon. O valor da edição era bem módico: girava entre 6 a 9 reais. Eu considerava o valor até justo dado todo o trabalho de preparo de texto, capa, formatação (a revista vem nos formatos pdf, mobi e epub, sendo acessível à maior parte dos dispositivos). Mas, a partir da edição de número 9 a revista voltou a ser inteiramente gratuita inclusive disponibilizando as edições pagas (que não tiveram a saída esperada pelos editores). Foi colocada no ar uma nova modalidade de apoio através do site Padrim, onde os leitores que quiserem patrocinar a revista podem fornecer valores que variam desde 1 real, até 5, 10, 20 ou 30 reais. Não é obrigatório, tanto que todas as edições, mesmo as mais recentes podem ser baixadas numa boa através do site deles. Os contos são disponibilizados completos até no próprio site, para quem não quiser baixar a revista. Fornecer um valor maior a eles não apenas é apoiar o árduo trabalho de edição da revista, mas oferece alguns brindes legais aos padrinhos: fazer parte de uma comunidade secreta no Facebook, receber um ebook gratuito todos os meses, poder gravar um episódio do podcast da revista (onde eles fazem um audiodrama do conto e comentam a respeito) entre outras possibilidades. Atualmente a próxima meta envolve uma quinta edição da revista todos os anos (a Trasgo agora tem quatro edições anuais, sendo que começou com apenas uma). Falta menos de duzentos reais para eles baterem a meta e eu tenho certeza que vão conseguir esse feito em 2018.

Para quem duvida da qualidade dos contos publicados, saibam que o Rodrigo van Kampen é um baita editor. Exigente, mas muito didático com aqueles que enviam seus trabalhos para a revista. É possível enviar um conto a qualquer momento do ano. Existem planos para edições temáticas, mas por enquanto o conteúdo é bem geral. Eles aceitam fantasia (em todas as suas vertentes), realismo mágico, ficção científica, terror, ficção especulativa... o céu é o limite aqui. Meu parceiro de Ficções Humanas, Felipe Cotias, teve um dos seus contos publicados na edição 14 da Trasgo (Saccade é o nome do conto). Pelo que conversamos a respeito, o editor foi muito atencioso e didático com ele. Os cortes e edições que foram feitas respeitaram o estilo artístico e de escrita do Felipe. Na equipe editorial da revista, não tem apenas o Rodrigo, mas também o Lucas Ferraz e o Enrico Tuosto que são revisores. Atualmente, eu sou padrinho da Trasgo, mas também sou padrinho da Clarkesworld Magazine, uma das mais renomadas revistas de publicação de novellas e contos de gênero. Sou assinante também da Uncanny Magazine que já trouxe muitos talentos como o Ken Liu, a Claire North, a Renee Ahdieh entre outros. E posso dizer com propriedade que a Trasgo não deve nada a nenhuma dessas revistas. Aos leitores, eu deixo o meu convite para conhecer a revista. Quanto custa? Nada... absolutamente nada. Só um compartilhamento gentil no Facebook e você pode baixar a revista para qualquer dispositivo.

Aos autores, fica o meu convite desse espaço de divulgação de seus trabalhos. Passar pelas mãos de um revisor, conhecer como é o processo final de publicação, fazer exercícios de escrita. Quer saber como enviar o seu material? Ok... Aqui está; retirado diretamente do site da revista.

Regras de submissão de contos

Gente, não desperdicem esse espaço fenomenal de divulgação do seu trabalho. Leitores, conheçam essa revista fenomenal. Ela já está em sua 16ª edição. Já está no quarto ano de existência e a cada ano ela fica cada vez melhor. Vamos dar uma força para eles e, principalmente: Usem a revista. Sério. Parece uma frase feia, mas é isso mesmo. Usem os editores, usem o espaço da revista. Ele está lá para isso. E os leitores e autores que sentirem vontade, apoiem a revista. Vamos divulgar essa iniciativa que está há anos e já superou em tempo várias publicações que não foram capazes de sobreviver nesse mar de nada absoluto que é a publicação de fantasia e ficção científica estritamente nacionais no Brasil. Que os autores que gostam, curtem e apoiam a gente conheçam mais este espaço, mais esta ferramenta para sua divulgação.

6 Comentários
João Paulo Silveira link
3/12/2017 03:10:44 pm

Olá, vi a matéria do Paulo Vinícius sobre a Trasgo eme interessei em publicar um conto na revista. Caso tenham interesse peço que me contactem. Obrigado.

Responder
Paulo Vinicius
3/12/2017 07:17:47 pm

Fala, João

É o Paulo! Dá uma olhadinha nas regras para envio de contos. Está aberto o ano todo. Eles publicam trimestralmente uma edição. Agora em novembro saiu o volume 16 (o último do ano). É só mandar para lá que eles leem e depois te enviam um feedback.

Abração!!

Responder
ALLAN FRANCIS DA COSTA SALGADO
3/12/2017 05:00:08 pm

Oi sou escritor, quero saber se posso enviar um conto para avaliação

Responder
Paulo Vinicius
3/12/2017 07:22:21 pm

Fala, Allan

Você já me respondeu isso no Messenger, mas vou deixar a resposta aqui caso algum outro autor esteja com essa dúvida além de você.

Gente, a Trasgo não tem data para submissão de contos. É possível enviar a qualquer momento. É só seguir as regras de submissão e pronto!! Eles sempre dão algum feedback.

Responder
Felipe Cotias link
5/12/2017 08:12:43 pm

Corroboro tudo o que você falou sobre a Trasgo.

Primeiro, como iniciativa. Sempre fui fã de coletâneas de fantasia e ficção científica, embora mais nos Quadrinhos: Heavy Metal, 1994, Skorpio, Mosquito, as brasileiras Animal, Metal Pesado, HQ Brasil, Porrada... Boas lembranças. Para contos, lembro da revista Ficção, que só consegui ler alguns volumes esparsos adquiridos em sebos, e contos de ficção científica premiados em republicações. Guardo o conto Helen O’Loy – Lester del Rey, de 1938, como demonstração atemporal de como uma boa ideia especulativa pode se aliar à boa literatura. O simples fato de a Trasgo resgatar esse prazer, com continuidade, já a faz merecer aplausos até doer a mão.

Agora falando de minha experiência pessoal com a edição da revista: irretocável. A seleção, como já ouvi o próprio Rodrigo Van Kampen explicar num podcast, é um processo complicado dado o número de submissões. Pode acontecer de, entre duas boas histórias sobre cartelização em shopping centers espaciais, uma ficar de fora para evitar a repetição do tema, ainda que seja melhor escrita que uma terceira sobre a revolução de anões mineradores munidos de martelos mágicos de conformação ideológica. Ou podem ser selecionadas de modo a equilibrar a quantidade de contos de fantasia com relação aos de ficção científica, etc.

Uma vez selecionada a história, só posso agradecer ao processo de edição. Honesto, direto e, ao mesmo tempo que respeita o estilo do autor, nunca perde o foco necessário na audiência. Posso dizer que o conto Saccade que apareceu nas páginas da Trasgo 14, após reescrito com base nas sugestões da edição, é muito superior ao conto que submeti originalmente. Não me pediram alterações na estrutura do conto, apenas sugestões de cortes e revisões. Eu sempre soube que o conto seria mais palatável ao público se o conflito com Dália surgisse mais cedo e constituísse o conflito central da trama. Porém, fiz minha escolha que Dália seria apenas um elemento iluminador dentro de um conflito subjetivo maior, e esta escolha foi respeitada.

Melhor que todo esse blábláblá: leia a Trasgo. As histórias inspirarão você por elas próprias. Se não sabe por onde começar, que tal experimentar Saccade? :)

http://trasgo.com.br/saccade/

Responder
Paulo Vinicius
6/12/2017 07:27:09 am

Melhor do que o meu artigo sobre a revista, só a experiência de alguém que passou pela seleção dos editores e teve o seu conto publicado. Importante fala do Felipe Cotias e fica aí como se deu tudo.

Apostem na revista! Leiam! E para os autores fica o convite de tentar a publicação.

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