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A auto-publicação sob outra perspectiva

23/4/2016

2 Comentários

 
Paulo Vinicius F. dos Santos
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Desde que Hugh Howey fez sucesso com Silo que muitos tem discutido sobre como a auto-publicação pode ajudar pequenos autores a alcançar o sucesso. É como se fosse a repetição da história de Davi e Golias. Só que eu queria propor um exercício diferente: que tal pensarmos de maneira oposta? E se os grandes autores usassem a auto-publicação para se livrarem das amarras das grandes editoras?

Nos últimos tempos eu venho abrindo espaço no Ficções Humanas para autores que estão buscando seu lugar ao sol no Brasil. Autores como Lauro Kociuba, Atlas Moniz e Janayna Bianchi que fugiram das grandes editoras ou não conseguiram sua publicação através delas. Acabaram optando por venderem seus trabalhos de forma independente usando plataformas como a Amazon e fidelizando os seus leitores através do contato nas redes sociais. Isso vem se mostrado uma excelente alternativa visto que o mercado brasileiro acaba preferindo o sucesso garantido: obras best-seller internacionais ou livros cujo fandom aguarda avidamente.

A publicação de Silo (ou Wool, em inglês) é considerado um marco. O primeiro livro que já resenhamos no blog, foi publicado como cinco novelas menores (muito depois é que ele foi reunido em um único volume). Dos 5, os 2 primeiros foram os responsáveis pelo grande sucesso de Howey. Durante suas negociações para o lançamento da versão impressa, o autor preferiu manter os direitos sobre a versão digital. Isso provocou uma enorme discussão acerca do domínio das editoras e de como autores independentes poderiam alcançar o grande mercado através deste método. Claro que a autopublicação também tem seus percalços. Primeiro que quem avalia o sucesso ou não de uma obra são os leitores que fazem o download destas versões digitais. Uma obra precisa ser baixada milhares de vezes por leitores. Não só isso como ela precisa ser devidamente avaliada. Por essa razão os autores dependem demais do feedback de seus leitores. Somente eles serão capazes de convencer as editoras da necessidade de investir em tal ou tal obra.

A auto-publicação depende também de um bom trabalho de revisão. Não obstante já vi muita obra mal revisada circulando a internet. Revisada não apenas no sentido da grafia, mas na coesão e coerência de uma história. Parágrafos confusos, plots mal finalizados ou capítulos deixados incompletos. Esses são apenas alguns exemplos de uma má revisão. Para sanar isso os leitores beta são fundamentais para apontar este tipo de problemas de escrita. Mas, infelizmente alguns autores não gostam ou não apreciam as críticas de leitores beta. Nesses momentos, a única dica é: mantenha a humildade! Saiba compreender que as críticas são necessárias para a melhoria do conteúdo apresentado.
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Mas eu queria avançar um pouco mais na discussão. Muitos autores reclamam hoje da pressão exercida por editoras. Algumas que acabam obrigando os autores a esticar demais a sua obra em prol de vendas. Isso acaba fazendo com que o enredo acabe por destoar demais daquilo que havia sido planejado inicialmente pelo autor. O mal das trilogias que se tornaram moda nos dias de hoje acaba provocando uma estagnação do gênero específico à medida em que histórias bobas são criadas apenas para que o clímax final apareça no sexto, sétimo ou décimo livro de uma série. Algumas histórias o leitor percebe que foram criadas para integrarem apenas um volume e que o autor acaba tendo que tirar leite de pedra.

Mas, imaginemos que um autor famoso como um George R. R. Martin, um Joe Abercrombie ou um Patrick Rothfuss abandonasse sua respectiva editora e passasse a auto-publicar suas tramas. O impacto que isso causaria seria violento. Uma editora oferece todo o marketing e os eventos para a publicação dos mesmos, mas digamos que um autor jovem como o Rothfuss decidisse embarcar nessa? Ele já possui um contato bem direto com os fãs assim como o Brandon Sanderson. Talvez o único empecilho fosse a necessidade de eles mesmos trabalharem a questão do marketing. Porém, nada que uma boa equipe de relações públicas (pagas do próprio bolso) não pudessem fazer. Sendo os ícones que eles são dentro do gênero, eles poderiam investir em situações mais diretas com o leitor; menos eventos específicos e mais encontros casuais.

Outro facilitador seria sair um pouco dos percentuais abusivos retirados pelas grandes editoras dos livros publicados. Philip Pullman, autor da série Fronteiras do Universo, já questionou o domínio das editoras sobre os lucros adquiridos pelo autor em questão. Segundo ele, um autor conseguiria pouco mais de 20% dos lucros (isso no caso de um autor que assinou um bom contrato). Autores famosos não precisariam tanto do marketing, porque o nome deles já venderia qualquer coisa que publicassem. Rothfuss, Martin e Sanderson certamente alcançaram esse estágio em que o leitor dá o voto de confiança no que o autor apresenta; mesmo que a proposta seja inusitada. O lucro de vendas seria quase todo do autor, deixando apenas uma parcela menor para a plataforma que realizou as vendas digitais.

Alguns podem argumentar: mas e a edição física? Oras, existe a publicação on demand. É possível pedir uma certa quantidade de edições impressas e pagar apenas o valor da impressão per se. O empecilho deste tipo de edição é o caso de as vendas não serem bem sucedidas e o produto encalhar. Novamente, no caso destes autores mais populares, tal não é um empecilho. Poderia ser feita uma edição em larga escala ou edições menores até com a possibilidade de algum tipo de edição especial ou deluxe limitada apenas para cobrar um valor mais elevado e atiçar a atenção dos colecionadores.

Posso estar errado em alguns pontos ou em todos eles. O que eu queria era provocar a discussão. Gostaria de ouvir vocês comentarem a respeito. Estaria eu entrando no mundo da imaginação ou algumas destas situações seriam possíveis? O mundo da auto-publicação está alcançando uma maturidade e está na hora de respirar novos ares. Que ares seriam esses? Comentem... expressem suas opiniões. Procurarei ler e responder todos os que comentarem.

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2 Comentários
Daniel Monteiro de Jesus
23/4/2016 02:12:19 pm

O Paulo Coelho faz QUASE isso. Colocou todos os livros deles para download gratuito. Mesmo assim ele continua vendendo bem, por conta do apego ao livro de papel, e é aí que a coisa aperta. As editoras sabem que o papel ainda tem mais apelo, e eles controlam a distribuição, por isso pegam tanto do valor de capa. Sem distribuição o livro simplesmente não vende satisfatoriamente (a não ser que seja algo mega esperado e com público consolidado). E a impressão em demanda resolve na teoria apenas, pois o custo de impressão unitário acaba sendo muito alto, resolvendo a distribuição mas colocando o encarecimento como fator de desestímulo.

Para mim a solução seria o povo brasileiro começar a ler romances. Digo isso pq o EUA também tem ebooks, também tem concorrência, mas mesmo assim muita gente ganha grana no mercado literário, justamente pq tem quem consuma. No br o kindle é quase o dispositivo para nunca mais pagar para ler; os livros físicos são caros por conta do fator colecionismo (então não pode ser feita uma edição barata e vagabunda, porque a galera não compra). Enfim, muito tem que mudar por estes lados, para acharmos uma solução.

Responder
Paulo Vinicius F. dos Santos link
23/4/2016 09:22:29 pm

Fala, Daniel

Obrigado pela participação.
Cara, não sabia dessa postura do Paulo Coelho. Em relação ao livro de papel é patente hoje o retorno do apreço pelo livro físico com força não só no Brasil como no mundo todo. A partir do momento em que a editora passa a investir em um produto bem acabado e de qualidade o leitor vai atrás. Existe uma relação intrínseca entre leitor e papel.

O que eu quis com essa postagem é imaginar o poder que esses grandes autores teriam se eles investissem na auto-publicação. O Michael J. Sullivan já investe nisso: ele conseguiu bancar no kickstarter o lançamento de toda a série nova que se passa no mundo de Riyria. É o autor que publicou O Roubo da Espada e Ascensão do Império. Muito bem visto no mercado internacional e a maioria dos livros com boas críticas pela internet.

Apesar de o público leitor no Brasil ter aumentado, ainda falta muito para alcançarmos o nível do mercado americano. Uma possibilidade interessante é investir em formatos mais populares como o paperback americano: o papel é de menor qualidade, o tamanho é menor, mas isso é compensado pelo valor mais popular. Infelizmente no Brasil, as editoras querem ter um lucro agressivo em cima dos seus clientes. Muitos não compreendem que não basta ter um lucro vultuoso uma só vez; é melhor lucrar ininterruptamente mesmo que seja pouco.

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